terça-feira, 15 de abril de 2014

Os sem-romance

Reza a lenda, diz o dito... azar no amor, sorte no jogo (e vice-versa). Ora, eu que não costumo fazer uma "fezinha" estou é perdendo dinheiro.

Impressionante como é impossível fugir do romance, de sua ideia, do seu fantasma. Ele está em todos os lugares, assumindo todas as formas, impregnando todas as artes... está nos livros da minha estante, nos cartazes do cinema, e nas músicas do Chico que eu nunca canso de ouvir. E antes disso, estava nos desenhos da Disney da minha infância. E bem antes disso, estava na cabeça da minha mãe, no casamento da minha avó, no mundo, na bíblia, no raio que o parta.

O romance está em tudo... mas nem sempre está na vida. Pelo menos não na vida de todo mundo.
E isso poderia ser bem normal, se ele fosse como qualquer outra coisa. Afinal, um monte de gente não tem ou não vive um monte de coisas, mas tem e vive outras, tão importantes e especiais quanto. Mas é que nesse mundo o romance não é só mais uma coisa: é A COISA! Aquela coisa sem a qual não se é completo, que todo mundo vai perseguir, e esperar, e correr atrás de novo... até arrancar da vida esse troféu, sua alma-gêmea, grande amor, metade-da-laranja, e quantos clichês mais couberem no pacote.

E quem não encontra? E quem não consegue? E quem nem quer? Como é que se acha nesse turbilhão?
Como se sentir completo, se o mundo te trata como uma metade?

Não pense que eu tenho respostas... é pura retórica. Minhas questões, minha confusão.
Mas não só minhas, creio eu. Há muitos aí fora, assim, sem romance, por tantos motivos, com tantas histórias, e com a mesma sensação de estar nadando sozinho contra a maré.

Quem sabe não montamos, alguns de nós, qualquer dia desses, um tipo de clube. Hein? Renderia umas festas... nice people, bons drinks. A gente coloca Wave pra tocar e dá risada do Tom Jobim... é impossível ser feliz sozinho? Pois não estamos mais.

Tão

Tão felizes dias,
ainda raros dias,
em que não respiro você.

Tão viçosos planos,
aqueles mesmos planos
que hoje tento refazer.

Tão bonito riso,
quase extinto riso,
que nem sei se reconheço.

Tão querida paz,
essa nova paz
que eu sei bem que mereço.