sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O que faz valer a pena?

O momento singular
e só nosso,
tão puro,
tão efêmero.

Fica na mente,
na pele,
no som da respiração;
fica pra sempre
a sensação
de que viver,
de que estar
e experimentar
faz do obstáculo
um pequenino detalhe.

O momento único

"Esta manhã, casais de borboletas brancas, douradas, azuis, passam inúmeras contra o fundo de bambus e samambaias da montanha.

É um prazer para mim vê-las voar, não o seria, porém, pregá-las em um quadro... Eu não quisera guardar delas senão a impressão viva, o frêmito de alegria da natureza, quando elas cruzam o ar, agitando as flores. Em uma coleção, é certo, eu as teria sempre diante da vista, mortas, porém, como uma poeira conservada junta pelas cores sem vida... O modo único para mim de guardar essas borboletas eternamente as mesmas, seria fixar o seu vôo instantâneo pela minha nota íntima equivalente...

Como com as borboletas, assim com todos os outros deslumbramentos da vida... De nada nos serve recolher o despojo; o que importa é só o raio que nos feriu, o nosso contato com eles... e este como que eles também o levam embora consigo."


Joaquim Nabuco, do prefácio à "Minha Formação"

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O bom de ser

O bom de ser
o que de melhor se pode ser
é aprender a não esperar
nada em troca
mas sempre receber de volta,
mesmo aos pouquinhos,
o melhor de cada um.

Em gratidão

Tanta coisa para agradecer...
a paciência,
a tolerância,
a confiança.

Sei que tento ser segura,
independente,
autônoma;
mas ouça o segredo:
as [boas] palavras
ainda têm o poder
de me mover
sempre pra frente.

sábado, 2 de outubro de 2010

Espere

Penso se há razão
para o titubear das minhas palavras,
para o oscilar da minha voz.

Há sentido no tremer
das minhas pernas,
no piscar nervoso dos olhos?
Além, há motivos para não olhar,
para o medo de encarar?

Não posso agir sem entender,
sem esclarecer
a dúvida infantil que me corrói;
apenas oro para que a solução venha
com a sensação etérea, mas serena,
de que me esperas,
de que aguardas pelo fim das incertezas,
de algum jeito,
em algum lugar.

Limites

"... assim, eu percebo que é a vida, e não a morte, que não tem limites."

(da obra "O Amor nos Tempos do Cólera")

Par Perfeito

"Há quem prefira louros. Há quem prefira morenos. Há quem prefira surfistas,dermatologistas ou acionistas. Há quem faça questão de contas bancárias, há quem prefira apenas um amor e uma cabana.
Há quem tenha fixação por homens de terno... Existem as que gostam de figurinos perturbados,depressivos ou sociopatas. Há quem goste mesmo dos sensíveis,dos lindos-de-morrer. Dos que tenham um bom papo. Dos super cheirosos. E há quem tenha predileção pelos que acabam com a nossa auto-estima.
As opções não param e a gente acha que pode marcar um X e construir um homem perfeito: com ou sem barba. Magro,gordo ou sarado. Inteligente ou semi-burrinho. Blusa pra dentro ou pra fora da calça. Camisa de botão ou Havaianas.
Mas, peraí. Pra mim,tanto faz que seja louro ou moreno, alto ou baixo, melhor que goste de chinelos e faça um peixe gostoso, mas o que conta não é isso.
Se eu tenho um “tipo”,acho que nada mais é do que um cara que goste de mim. Que me admire, me assuma e seja guerreiro.
Porque – meus amores – eu não sou brincadeira!"

Fernanda Mello

sábado, 18 de setembro de 2010

Percepções Alteradas

Forte e incômoda sensação de que a felicidade é teoricamente fácil de encontrar
e praticamente difícil de fazer ficar.

sábado, 11 de setembro de 2010

Flor



Hoje comemoro o germinar de uma flor,
bela por estética,
mas principalmente por essência.

Exala o perfume das boas histórias,
boas risadas,
espalha o frescor de sendo adulta,
ser criança.

Flor viva, que dá cor aos dias mais cinzentos,
que dá brilho aos bons momentos,
que marca nossa memória.

Flor Lícia,
seja regada com a água mais pura
da longevidade,
da alegria,
do amor,
da minha amizade!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sobre o futuro



Nariz encostado na janela,
pergunta tremida, na ponta da língua:
- Pai, o que é o futuro?
Resposta aberta, mas não difícil de compreender:
- É um bichinho misterioso, que sempre teima em fugir da gente.

Ele existe?

Você,
já parou para se perguntar se o futuro existe?
Essa coisa que a gente persegue,
que a gente planeja, arquiteta;
o tal sujeito pra quem a gente deixa tudo
que não quer ou não pode fazer agora...

Existir, ele existe, penso eu.
Mas eu nunca alcanço, nunca chego lá,
nele, no tal de futuro.
O presente...
é o que eu tenho; e não por muito tempo,
pois esse é também afoito ao escapar das mãos.

Esse é o meu tempo, é o que posso experimentar,
é onde posso exprimir dor e alegria,
e prazer... prazer em viver, em permitir-me sorver
cada dia de sol, de chuva, os perfumes e as cores,
que, sabe Deus, podem não ser tão vivas nesse tal futuro.

É...
acho que eu é que não quero estar
ao alcance do tempo.
You've gotta live every single day
Like it's the only one
What if tomorrow never comes?
[...]
Every single day, may be our only one
What if tomorrow never comes?

***

Você deve viver cada dia
como se fosse o único
E se o amanhã nunca chegar?
[...]
Cada dia, pode ser o nosso único dia
E se o amanhã nunca chegar?

Never Gonna Be Alone, Nickelback

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fim[?] da Guerra

Obama declara o fim da guerra no Iraque e afirma que "é hora de virar a página"

*

"[...] ultrapassado o prazo de validade da culpa, vencido e vencedores podem
hoje contemplar o cenário da batalha e as pungentes fileiras de sepulturas, e
meditar sobre a estupidez humana, que infelizmente não prescreve."

VERISSIMO, Luis Fernando. "Sessenta Anos".
In: O mundo é bárbaro. Objetiva, 2008. p. 126.


*

"[...] procuremos respeitar as duas obrigações impostas a todos nós: não ignorar
nossa história conflitiva e não trair o ideal; pensar e agir com o firme
propósito de fazer com que a ausência da guerra prolongue-se até o momento em
que a paz seja possível - supondo que esse dia possa chegar."

ARON, Raymond. Paz e Guerra Entre as Nações. 1962.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Clichê II

Experimentar a vida é se expor
ao ridículo, sem tomá-lo como tal;
é ser bobo com graça!
É não ter medo de ser banal,
é entender que tudo passa...

Experimentar, deixar fluir,
deixar viver...
desconfio que é assim
que funciona

Clichê I

Posso pedir?
Não diz que quer, que precisa,
que adora, que venera;
isso soa tão efêmero.
Diz que gosta;
gostar é sereno, é tranquilo.
'Eu gosto' pode, mansinho,
soar até como um tipo de
'acho que é pra sempre'.

Construção Melancólica

NÃO NECESSARIAMENTE AUTOBIOGRÁFICO;
NÃO NECESSARIAMENTE ROMÂNTICO.


De frente pro mar, penso em você;
imagino por onde andam teus passos distantes,
tua doce indisciplina.
Mentalmente, construo a lista de teus
novos amigos: os tipos mais particulares;
todos compartilhando do teu segredo
e da tua inquebrável esperança.
Imagino tua nova casa, o abrigo das tuas noites;
teus sonhos já repousam em novo travesseiro.
Perdoe-me, mas ainda pulo a parte
em que pensaria em teus novos objetos de amor.
Eles existem? Não na minha construção;
essa é uma linha em branco.
Passo, então, para a imagem virtual do teu sorriso,
paz de criança;
teu olhar cheio de dúvidas, mas sempre
em busca da verdade.
Já faz tempo. E mais tempo vai passando. Sinto isso no espelho.
Não haverá volta, estou certa disso;
mas, o abandono das memórias não é solução.
É bom desejar luz pro teu novo caminho,
te pensar feliz;
te mantenho respirando (apenas em mim?);
é certo que te guardo em paz.


*****


"Socavas el horizonte con tu ausencia.
Eternamente en fuga como la ola."
Pablo Neruda

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Equilíbrio



Há uma linha fina da vida, um fio de seda,
que separa os extremos do comportamento.
Está, a sutil linha do equilíbrio, estrategicamente situada
entre o sonhar e o obcecar,
entre o cuidado extremo e a total exposição,
entre a passividade e a inconsequência,
entre a idéia e o absurdo.

Mas, será mesmo esta linha tão estreita?
Tênue corda bamba, onde poucos se arriscam...
Porém, nela não há mais riscos,
visto que no equilíbrio tudo está certo... está?
Pois sim!

Pergunto-me se sua espessura altera-se
pela distância;
é possível.
Assim, sua estreiteza deve-se à ilusão de ótica
de quem ainda tem muito para percorrer.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Guerra...?



*Obs.: não sei se essa frase é mesmo do Kissinger... mas, de qualquer forma, é ótima! :)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fora de ritmo

Sinto-me fora de ritmo,
como uma descompassada em um salão repleto de exímios dançarinos;
como se o mundo [ e o que nele existe, ou subsiste] tivesse apertado o passo,
numa velocidade que eu não consigo acompanhar,
pois nunca me ensinaram tal coisa;
ora, mas alguém foi ensinado a viver, a seguir o andar do mundo?

Meu mundo: eis o que me exila;
eis o que ninguém entende.
Meu refúgio, meu absurdo,
minha condição.

Riqueza


Pequena jóia de família

"Existiria verdade,
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você!"
Vinicius Moraes

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Percepção

Crescer implica encarar uma verdade:
os sentimentos - sejam eles bons ou ruins - têm sono leve.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Imperativos

É preciso seguir,
mesmo depois do tombo,
mesmo depois da falha.

É preciso perseguir
todo e qualquer sonho;
o que, nesse mundo, não é realizável?

É preciso conseguir
enxergar no escuro,
ouvir em meio ao barulho;
crer que quem perde mesmo
é o descrente;

Mesmo que continuar seja sobre-humano,
ainda é o que se faz de mais
inteligente.


***

"Sim, pode-se fazer a guerra neste mundo, macaquear o amor, torturar o
semelhante, frequentar as colunas dos jornais ou, simplesmente, falar mal do
vizinho enquanto se tricota. Mas, em certos casos, continuar, apenas continuar,
eis o que é sobre-humano."

Albert Camus, em A Queda.

Escolha pessoal

Há sempre muitas trilhas possíveis
para quem faz e não só diz;
e já que encontrei meu conforto,
ora, não me olhe torto
se eu escolhi ser feliz!

Eu sabiaaaaa!!

"É preciso querer ser feliz e contribuir para isso."

Émile-Auguste Chartier

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Listen as your day unfolds
Challenge what the future holds
Try and keep your head up to the sky
Lovers, they may cause you tears
Go ahead release your fears
Stand up and be counted
Don't be ashamed to cry

Herald what your mother said
Read the books your father read
Try to solve the puzzles in your own sweet time
Some may have more cash than you
Others take a different view
My oh my!

You gotta be bad, you gotta be bold, you gotta be wiser
You gotta be hard, you gotta be tough, you gotta be stronger
You gotta be cool, you gotta be calm, you gotta stay together
All i know, all i know, love will save the day
Time ask no questions, it goes on without you
Leaving you behind if you can't stand the pace
The world keeps on spinning
Can't stop it, if you tried to
This best part is danger staring you in the face

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Da particularidade de cada estrada




Não há como fugir:
haverá um dia em que você vai parar
e pensar no caminho que traçou;
pensar e procurar
motivos, justificativas, desculpas,
sua absolvição, ou sua culpa.
Vai procurar e questionar,
e enumerar todos os 'se' que puder;
se um tanto de coisas...
onde, com quem e como estaria agora?
Mesmo quem quer,
não pode fugir dessa hora.

Dessa vez eu não quis fugir,
não fugi;
pude então, pela primeira vez,
me sentar num alto e privilegiado lugar
que poucos alcançam, ou se dão conta
de terem alcançado;
de lá, percebo que estou onde, com quem e como
deveria estar;

sou quem sempre desejei ser,
mesmo quando ainda nem sabia disso.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Passionné par Camus

"Que significam aqui as palavras que falam de futuro, de maior bem-estar,
de situação? Que significa o progresso do coração? Se rejeito obstinadamente
todos os “mais tardes” do mundo, é porque se trata, da mesma forma, de não
renunciar à minha riqueza presente"
("O Vento em Djemila)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Aos [des]desiludidos

"Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no
conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e
nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.
Como se o amor fosse uma bodega de lucros, um comércio, como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela, o Renato Russo musicou e tudo, lembra?

Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupícinio Rodrigues, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da existência.
(...)

Não adianta chamar o garçom do amor e passar a régua para sempre por
causa de apenas um(a) sujeito(a) – como se representassem a parte pelo todo da
panelinha do mundo. O que não vale mesmo é eliminar o amor como proposta mínima na plataforma política de estar vivo.
Já pensou quantos amores possíveis, como diria Calvino, você estaria dispensando por essa causa errada? E quem disse que amor é para dar certo?

Amor é uma viagem. De ácido.
(...)

Sim, o amor acaba, se não você não entendeu ainda… Corra a ler o gênio mineiro Paulo Mendes Campos: em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Vamos esquecer a ilusão católica do até que a morte separe os pombinhos e viver lindamente o amor e o seu calendário próprio. Muitas vezes, não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da quinzena, que, de tão intenso e quente, logo derrete. Foi bonito.

Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença."


por Xico Sá, em Modos de Macho & Modinhas de Fêmea

Das intenções




Bichinho do questionamento,
me morde e leva a pensar;
é que logo se esgota o meu tempo:
arrisco e invisto, ou deixo pra lá?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sem títulos




Olhar hesitante, fito na janela:
a realidade é cortante,
causa medo, pudor e cansaço.

Olhar oscilante, através da janela;
esperança de infante,
calada, cativa, precisa de espaço.

Olhar vacilante, ultrapassa a janela;
percebe num instante:
enxergo o horizonte que faço.

"O certo é que, depois de longos estudos sobre mim mesmo, concebi a
duplicidade profunda da criatura. Compreendi, então, à força de remexer na
memória, que a modéstia me ajudava a brilhar, a humildade a vencer, e a virtude
a oprimir. Fazia a guerra por meios pacíficos e obtinha, enfim, pelo
desinteresse, tudo que cobiçava."

Albert Camus, em A Queda.

Resposta-Pedido

Não prive meu mundo
da sua visão;

não há culpa nos gestos
em que empenhado foi
o coração.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Decisão



Depois de muito pensar, ela decidiu
que era melhor não mais pensar,
não desejar pensar;
não desejar.

Encantar-se, envolver-se, desenvolver:
energias gastas com sentimentos unilaterais
que jamais tornariam à fonte;
tormentoso convívio com um espectro
do possível.

Não. O melhor é não pensar.
Que a tarefa seja receber, sem antecipações,
sem engenhos;
tomar as oportunidades de cada dia;
cada momento em seu tempo;
construir e desconstruir um detalhe por vez.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Homenagem de amiga

Sem razões

Conhecer desconhecendo as verdadeiras razões que une os corações;
não pode haver explicações ou fórmulas,
que consigam descrever o porquê de pessoas tão distintas formarem laços tão
fortes nesta vida.
Foi de repente; de imediato ou não;
Talvez aos poucos, fomos nos conhecendo e descobrindo,
que diferentes estrelas compõem o universo.

Entre uma fala e outra; há um tempo que celebra o silêncio;
no que não foi dito, mas pode ser entendido em uma simples troca de olhar;
então inúmeros risos ficam soltos no ar;
ninguém consegue entender; nem nada captar;
meras sugestões e confronto de opiniões;
contidos em uma sintonia impar.

Desculpas e apelos, verdades ditas, detalhes revelados e lágrimas escondidas;
vai concebendo e unindo diversas faces de uma mesma vida;
falar o que vem a mente,sem precisar pensar;
dizer o que se sente,sem medo de se mostrar;
apenas ficar quieta, mas sem se esconder.

Frases, gestos e expressões compõem o cotidiano de uma verdadeira amizade;
sem encobertar erros e sem proteção desmedida, pois que ama ensina,
aconselha e repreende;
ao mesmo tempo que conforta e entende.

E assim a união vai fazendo a força;
a força que nos une e faz entender;
que não é preciso razões nem consenso de opiniões;
para uma amizade florescer.


Rebeca Luíza Neves França*


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*Rebeca é nosso chaveirinho, nosso 'baby'; mas como saem coisas lindas dessa cabecinha privilegiada!

Beca, você conseguiu nos traduzir como, acredito, nenhuma do nós conseguiria... o que me mostra que sua capacidade de enxergar as pessoas é apurada, profunda e extremamente fiel. Você nos surpreende... e como isso é bom!

Guardem! Ela ainda vai dominar o mundoooo! hehehe!

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Aproveito e deixo beijo pras outras "bruacas" da minha vida (a gangue, objeto do penúltimo post): Aline, Jéssica, Lícia e Marianna.
Já somos mais que uma gangue... somos uma QUADRILHA!! Hahaha!

AMO VOCÊS!

Take it slowly


Não: devagar. Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?

Álvaro de Campos*


*Heterônimo de Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de junho de 2010

À minha gangue

Que bom que eu tenho vocês,
pra estudar e pra fazer bagunça;
pra traduzir o mundo e
pra falar besteira;

pra compartilhar o jiló
e o chocolate;

pra ser feliz
e ser, sem medo,
do jeito que eu sou!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Perguntas que me desconsertam

Porque será que temos sempre uma percepção negativada das coisas?
O verdadeiro significado daquilo que é mais importante está na escassez?

O necessário só é reconhecido como tal quando nos assalta com sua ausência?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Porque eu não consigo parar de cantar...

Aquilo bate, ilumina
Invade a retina, retém o olhar
Um lance que laça na hora, aqui e agora
Futuro não há
Aquilo, se pega de jeito,
Te dá um sacode, pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece
Não poupa ninguém

Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar

Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar


Aquilo que dá no coração, Lenine.

sábado, 5 de junho de 2010

Bilhete de desculpas

Perdoe minha aspereza no trato;
é fato que posso ser truculenta,
mas ainda é possível enxergar no fundo
algum tipo de gesto amável.

Desculpe a sequidão do meu jeito;
ninguém é perfeito, eu então!
Mas se não te ignoro é porque te amo,
é porque me importo!
Mesmo de um jeito torto...

Sei que eu poderia ser melhor;
mas, o que fazer se isso é processo
de uma vida inteira?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Borboleta


Uma borboleta azul pousou em minha janela
e trouxe com ela um novo olhar,
uma contradição:
mais realismo diante da vida,
mais sonho para temperar a vida.

Uma borboleta azul pousou em minha janela
e trouxe com ela uma nova estratégia,
uma preparação:
é possível trazer o longe pra perto,
pra saudade ainda existe saída.

Uma borboleta azul pousou em minha janela
e trouxe com ela uma doce certeza,
uma revelação:
nada é pra sempre,
muito menos a distância;
não é o fim a partida...

Ainda é das minhas mãos o poder
de transformar o dia cinzento
em tarde multicolorida.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

C'est la vie.

"L'homme est ainsi, cher monsieur, il a deux faces: il ne peut pas aimer sans s'aimer."

"O homem é assim, caro senhor, com duas faces: não consegue amar sem se amar."

Albert Camus, em "La Chute" ("A Queda)"

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sui generis

"Mas um dos traços do gênio é não arrastar seu pensamento no carreiro traçado pelo vulgo"*

Meu maior desafio na vida é fugir dos rótulos,
do óbvio, do previsível,
daquilo que, aos olhares medíocres, é chamado de normal.

Sim, meu riso é mais alto e solto;
Sim, meus olhos falam, por vezes mais que minha boca;
Não, não meço palavras nem gestos quando digo o que penso.
Não se espante! Não faço questão de ser simpática.
Não me iludo com aplausos; apaixono-me ao despertar a fúria;
Não me afeto com agravos; o que me incomoda é a impassibilidade.
E mais que tudo: não simpatizo nem comungo com a imparcialidade.

Sou parcial e passional. Sou estranha e extraordinária.
Se quero, penso, arquiteto, imagino... e faço!
E não me encaixo. Ah, meu bem! Eu não me encaixo,
em nenhum conceito, em nenhuma fórmula.

Mais que ser amada, meu desejo é ser lembrada,
é ser olhada,
é intrigar, é desconsertar.
E mais: é fazer você pensar!
Ainda que seja mal de mim...

Pensar diferente. Fazer diferente.
Ser diferente.
O caminho que escolhi é minha cura,
e é meu veneno;
É minha alegria, e é minha dor.
E é um peso... olha, é um peso!
Peso que eu ainda carrego com graça,
e certa destreza, posso afirmar.

Não me preocupo com o que podem pensar de mim,
mas eu sempre, sempre espero uma resposta!
Ainda bem que ela sempre vem.
E vem com um gosto bom, seja resposta 'boa' ou 'ruim'.
Melhor sabor do mundo: gosto de não passar despercebido!
E eu saboreio... ah, eu saboreio!

É um deleite saber que não se é apenas mais um!

*Stendhal, O Vermelho e o Negro.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Indagação

"Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...
Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?..."

Álvaro de Campos
(Ficções do Interlúdio/4)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Desejo

Quero estar sempre em estado de doce loucura
para suprimir o que há de amargo na vida.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Levemente Absorta

Debruçada em minha janela
ouço o barulho das ruas:
carros, pessoas e pressa,
muita pressa.

Não é difícil deixar-me levar pelos pensamentos
aos momentos doces, às memórias marcantes,
lembranças cheirosas do meu caminho.
Fecho os olhos e, sem esforço, consigo
ouvir os risos, sentir os toques,
enxergar novamente o brilho em cada olhar,
em cada gesto;
cada detalhe carregado de tanto sentido.

Inspiro e expiro lentamente.
Sinto com clareza cada batida do meu coração.
Sorrio para o imenso céu azulado do início da noite
ao perceber que, talvez, nesse mundo inteiro
eu seja a única a não ter pressa.

Coisa boa nessa vida é ter algo para sentir saudade.


*******


E o menino com o brilho do sol
Na menina dos olhos
Sorri e estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas
De amigo irmão
As canções de amanhecer
Lumiar e escuridão

E é como se eu despertasse de um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse que a força
Esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente eu chegasse
Ao fundo do fim
De volta ao começo
Ao fundo do fim
De volta ao começo

(De Volta ao Começo, Gonzaguinha)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Particular

Olho ao redor, olho pra mim.
Busco a compreensão do mundo que me cerca,
sem antes decifrar o universo que há em mim
mesma.

Não dá certo. Como poderia?
A viagem da vida é de dentro pra fora.

Guerra e Paz

"As discussões políticas e filosóficas em torno da ideia da paz, e sobre os meios de alcançá-la, são infindáveis.
A bem dizer, apenas sofrem um intervalo enquanto se travam as guerras, sempre mais fáceis de declarar.
Entretanto, a chave do problema é teoricamente simples, e pode ser encontrada no Antigo Testamento, Salmo 84, nº 11:
'A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram. '
Resumindo: o outro nome da paz é justiça."

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eu e a indiferença

De repente, um punhado de páginas me move do chão.
Linhas desconsertantes me fazem pensar em coisas que me eram estranhas, quase nulas.

Seria a vida uma simples banalidade, a qual damos demasiada importância?
Seria a existência tão vazia de sentido,a ponto de nos causar desespero e nos fazer buscar motivos, valores, densidade e eternidade para algo que, na verdade, é efêmero e incompreensível?

Seria eu estrangeira também? Creio, somos todos nós.
Estrangeiros. Estranhos. Diferentes, a princípio. Indiferentes, sempre.

***

"Como se essa grande cólera me tivesse purificado do mal, esvaziando-me de esperança, diante dessa noite carregada de sinais e de estrelas, eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo. Por senti-lo tão parecido comigo, tão fraternal, enfim, senti que fora feliz e que ainda o era."
(O Estrangeiro - Albert Camus)

Ah... Pessoa!

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia

Fernando Pessoa, 1931

Descoberta Agridoce

As pessoas podem se esquecer da cor do seu cabelo, sua altura, seu peso...

Podem nem fazer idéia de quantos anos você tem, quantos filhos, quantos amores...

Ninguém liga muito pras boas verdades ou pequenas mentiras que você diz.
Na boa, o que você diz é apenas o que você diz.

O seu "orkut" pode te mostrar como o que você quiser ser... quem se importa?!

Porque na verdade, na verdade mesmo... o que fica é o que você faz. De bom ou de ruim.

As pessoas vão se lembrar do seu talento, ou sua incompetência. Da sua atitude, ou da sua apatia. Das marcas positivas que deixou, ou das cicatrizes dolorosas que causou.

Portanto pense, mude, aprenda. E principalmente, faça algo que valha a pena ser lembrado. Pra sempre.

Feminina

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.

- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Costura o fio da vida só pra poder cortar
Depois se larga no mundo pra nunca mais voltar

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.

- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Prepara e bota na mesa com todo o paladar
Depois, acende outro fogo, deixa tudo queimar

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.

- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

E esse mistério estará sempre lá
Feminina menina no mesmo lugar.

Joyce

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Caminhos

The Road Not Taken

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
two roads diverged in a wood, and I --
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Robert Lee Frost (1874-1963)