"Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no
conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e
nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.
Como se o amor fosse uma bodega de lucros, um comércio, como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela, o Renato Russo musicou e tudo, lembra?
Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupícinio Rodrigues, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da existência.
(...)
Não adianta chamar o garçom do amor e passar a régua para sempre por
causa de apenas um(a) sujeito(a) – como se representassem a parte pelo todo da
panelinha do mundo. O que não vale mesmo é eliminar o amor como proposta mínima na plataforma política de estar vivo.
Já pensou quantos amores possíveis, como diria Calvino, você estaria dispensando por essa causa errada? E quem disse que amor é para dar certo?
Amor é uma viagem. De ácido.
(...)
Sim, o amor acaba, se não você não entendeu ainda… Corra a ler o gênio mineiro Paulo Mendes Campos: em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
Vamos esquecer a ilusão católica do até que a morte separe os pombinhos e viver lindamente o amor e o seu calendário próprio. Muitas vezes, não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da quinzena, que, de tão intenso e quente, logo derrete. Foi bonito.
Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença."
por Xico Sá, em Modos de Macho & Modinhas de Fêmea
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Aos [des]desiludidos
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3 comentários:
Realmente se o mundo vivesse de palavras, ainda mais sábias, seríamos mais felizes...e leves. Você também escreve bem moça,sentimento puro!está seguida!
Como essa menina Nay lê bem... E como sublinha direitinho!
;)
Infelizmente, sou um deste desiludidos...
Fique com Deus, menina Nayara Maia.
Um abraço.
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