domingo, 22 de maio de 2011
Um Retrato
Eu aqui, dentro de mim,
sou tantas outras,
sou tão sem fim...
Distante e evasiva,
o olhar perdido da menina
no quadro de Renoir.
Uma cortina, uma neblina
cobrem meu gesto,
meu jeito,
desajeitado caminhar.
Tento compor o meu retrato,
um relatório abstrato
que boa rima não tem...
Mas se assim o aceito,
por vê-lo belo e imperfeito,
me reconheço também.
*Imagem: Auto-Retrato, de Tarsila do Amaral [1918]
domingo, 15 de maio de 2011
Exposição
Já não se trata apenas dos meus pensamentos.
Já não diz respeito apenas aos meus sonhos.
Já não é meu segredo.
Nada mais é só meu.
É a minha letra que não mente.
É o meu verbo que está todo impregnado
de você.
Já não diz respeito apenas aos meus sonhos.
Já não é meu segredo.
Nada mais é só meu.
É a minha letra que não mente.
É o meu verbo que está todo impregnado
de você.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Canto
Ora, ora! Vamos embora
que o andar da hora
não nos espera!
Veja, veja! Segue a peleja,
que a paz que goteja
é pura quimera!
Siga, siga! Alcance e bendiga
a mão tão amiga
que longe te espera!
Cante, cante a alegria distante!
Só te importa ir avante,
ser além do que era!
que o andar da hora
não nos espera!
Veja, veja! Segue a peleja,
que a paz que goteja
é pura quimera!
Siga, siga! Alcance e bendiga
a mão tão amiga
que longe te espera!
Cante, cante a alegria distante!
Só te importa ir avante,
ser além do que era!
sábado, 7 de maio de 2011
Do lado de cá
Do lado de cá interpreto sinais,
procuro vestígios, desculpas, motivos
para entender o que não é meu.
Do lado de cá eu traço rotas
para a minha possível travessia,
mas minha bússola se engana,
sempre se engana.
Do lado de cá monto quebra-cabeças,
costuro uma colcha de retalhos:
mil pedaços do que poderia ser,
compondo um todo que não ganha vida.
Do lado de cá bate sol,
tem água e comida,
tem chuva e tem estio.
Tudo corre bem, para quase todos.
Só no meu olhar falta um pouco
de brilho.
Do lado de cá permaneço,
porque ponte ainda não há;
ou apenas existe e persiste o meu medo
de atravessar.
procuro vestígios, desculpas, motivos
para entender o que não é meu.
Do lado de cá eu traço rotas
para a minha possível travessia,
mas minha bússola se engana,
sempre se engana.
Do lado de cá monto quebra-cabeças,
costuro uma colcha de retalhos:
mil pedaços do que poderia ser,
compondo um todo que não ganha vida.
Do lado de cá bate sol,
tem água e comida,
tem chuva e tem estio.
Tudo corre bem, para quase todos.
Só no meu olhar falta um pouco
de brilho.
Do lado de cá permaneço,
porque ponte ainda não há;
ou apenas existe e persiste o meu medo
de atravessar.
domingo, 1 de maio de 2011
Teu Olhar
Teu olhar, um segredo:
posso eu, logo cedo,
algo novo prever?
Teu olhar faz mistério,
e se torna tão sério
quando hesita em me ver.
Teu olhar, meu espelho:
mau exemplo ou conselho,
o que vem me contar?
Teu olhar, falsa mágica:
uma nota tão trágica
pode aqui retratar.
Teu olhar, um veneno:
sentimento pequeno
faz crescer e aquece.
Teu olhar, uma cura:
é encontro e procura;
me enxerga e esquece.
Teu olhar, quase engano,
levemente profano:
quanto quer me iludir?
Teu olhar toda hora
me faz ir mundo afora,
sem distância medir.
Teu olhar eu encaro:
tem um jeito tão raro,
um feitio de dor.
Teu olhar interrogo:
é que espero, tão logo,
entender tua cor.
posso eu, logo cedo,
algo novo prever?
Teu olhar faz mistério,
e se torna tão sério
quando hesita em me ver.
Teu olhar, meu espelho:
mau exemplo ou conselho,
o que vem me contar?
Teu olhar, falsa mágica:
uma nota tão trágica
pode aqui retratar.
Teu olhar, um veneno:
sentimento pequeno
faz crescer e aquece.
Teu olhar, uma cura:
é encontro e procura;
me enxerga e esquece.
Teu olhar, quase engano,
levemente profano:
quanto quer me iludir?
Teu olhar toda hora
me faz ir mundo afora,
sem distância medir.
Teu olhar eu encaro:
tem um jeito tão raro,
um feitio de dor.
Teu olhar interrogo:
é que espero, tão logo,
entender tua cor.
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